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DEUS E AS RELIGIÕES

DEUS E AS RELIGIÕES


A Bíblia nos ensina a ver a história humana como completamente dominada por Jesus Cristo.
 A história é a esfera da redenção de Deus, na qual ele triunfa sobre o pecado do homem através de Cristo, e uma vez mais reconcilia o mundo consigo mesmo, como diz (2 Co 5.19).
Através de Cristo Deus ganhou de uma vez por todas a vitória sobre a morte (1 Co 15.21,22), Satanás (Jo 12.31), e todos os poderes hostis  foram dominados(Cl 2.15).
 A centralidade de Cristo na história está representada simbolicamente no quinto capítulo do livro de Apocalipse. Somente o Cordeiro é digno de tomar o rolo e de romper seus sete selos - a ruptura dos selos significa não apenas a interpretação da história mas a execução dos eventos da história.
 O cântico dos seres viventes e dos anciãos, que se segue aos louvores dados ao Cordeiro como Redentor do mundo:
Apocalipse ;
“Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque fostes morto e com teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9).
A nova era já foi instaurada.
O crente do Novo Testamento está consciente de que ele vive nos últimos dias e na última hora  neste sistema de mundo. Podemos notar alguma evidência bíblica mais para isto.
Cristo diz de João Batista:
“Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João; mas o menor do reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28). a implicação das palavras de Jesus parece ser que João, como o predecessor de Cristo, ainda pertenceu à antiga era, ao invés de pertencer à nova era do reino que Jesus estava agora inaugurando.
Por outro lado, aqueles que se tornam membros do reino de Cristo, começam por meio dele a viver no novo mundo.
Entre os escritores bíblicos não há nenhum que tenha dado tanta ênfase aos fato de que Cristo nos introduziu numa nova era,,, da graça, como o Apóstolo Paulo. Em Cl 1.13, ele diz que Deus “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”, significando que nós fomos libertados do poder do velho mundo do pecado (cp Gl 1.4).
Em Ef 2.5-6, Paulo frisa que Deus “nos deu vida juntamente com Cristo... e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”, dando a entender que pela fé nós estamos, mesmo agora, vivendo nas regiões celestiais.
Em Rm 12.2, ele insta especificamente com seus leitores a “não se conformarem com este mundo palavra grega , mas para “se transformarem” pela renovação de vossa mente” (RSV).
O conhecido contraste paulino entre “carne” e “Espírito” não é tanto um contraste psicológico entre dois aspectos de nosso ser, mas um contraste entre dois estilos de vida que pertencem a duas esferas de poder, ou a dois mundos: o velho e o novo .
 Um comentário similar poderia ser feito acerca do contraste entre “velho homem” e “novo homem” nos escritos paulinos.
“Velho homem” refere-se à velha era ou mundo no qual o homem é um escravo do pecado, ao passo que “novo homem” designa a nova era ou mundo no qual o homem está liberto da escravidão do pecado e é livre para viver para o louvor de Deus.
 O crente neotestamentário foi transferido da velha era do pecado para a nova era da liberdade cristã Herman Ridderbos, vê neste conceito a chave para a pregação de Paulo: “... Antes de tudo ele, Paulo, era o proclamador de um novo tempo, o grande ponto decisivo na história da redenção, a introdução de uma nova era mundial cristã.
Tal era a perspectiva dominante e o fundamento de toda a pregação de Paulo. Somente ela pode iluminar as várias facetas e inter-relações de sua pregação, e.g., justificação, estar em Cristo, sofrer, morrer e ressuscitar com Cristo, o conflito entre o espírito e a carne, o drama cósmico, etc.
 A pessoa de Jesus Cristo forma o mistério e o ponto central desta grande revelação redentora da história. Pelo fato de Cristo se ter revelado, um novo século foi instaurado, o velho mundo terminou e o novo mundo começou”
Alguém poderia objetar, dizendo que o que foi desenvolvido acima não é característico da história geral, uma vez que somente os cristãos estão vivendo na nova era que Cristo inaugurou.
A questão é, porém, que desde que Cristo apareceu aqui na terra - foi crucificado e ressuscitou dos mortos - , a nova era cristã,foi verdadeiramente inaugurada.
O fato de que nem todos os homens estarem participando, pela fé, das bênçãos não anula a existência isto. John Marsh fornece a seguinte ilustração, que ele próprio ouvira :
“Hitler ocupou a Noruega mas, em 1945, ela foi libertada. Suponhamos que bem longe, no quase inacessível norte, alguma aldeia com um governante nazista não tenha, por algumas semanas, ouvido a notícia da libertação. durante esse período, nós podíamos dizer, que os habitantes dessa aldeia estavam vivendo no „velho‟ tempo do nazismo, em vez de no „novo‟ tempo da libertação norueguesa. ..
.Qualquer pessoa que viva agora num mundo que foi liberto da tirania dos poderes malignos, e que ignore ou seja indiferente ao que Cristo fez, está exatamente na posição desses noruegueses a quem as boas novas de libertação não alcançaram.
Em outras palavras, é fácil para nós perceber que os homens podem viver na era a C., em plena A D.” 19. O fato é, então, que Cristo verdadeiramente introduziu nos o reino de Deus.
 Por causa disso, o mundo não é mais o mesmo desde que Cristo veio; uma mudança eletrizante aconteceu.
A menos que uma pessoa conheça e admita esta mudança, ela não terá realmente entendido o sentido da história.
Tudo na história se move em direção a um alvo: os novos céus e nova terra. Não obstante ter Cristo instaurado o reino , a sua consumação final ainda é futura.
Por causa disso, a Bíblia vê a história como dirigida para um alvo divinamente estabelecido.
 A idéia de que a história tem um alvo é, como vimos, a contribuição peculiar dos profetas hebreus.
Nas palavras de Karl Lowith:
 “O horizonte temporal para um alvo final é, porém um futuro escatológico, e o futuro para nós existe apenas na expectação e esperança.
O sentido final de um propósito transcendente está centrado num futuro esperado. Tal expectação era bem mais intensamente viva entre os profetas hebreus; ela não existia entre os filósofos gregos”
Não só os profetas hebreus mas também os escritores do Noto Testamento vêem a história como dirigida para um alvo.
 Note que aquilo que os escritores do Antigo Testamento tinham representado como um movimento, era visto pelos escritores do Novo Testamento como provido de dois estágios: a era messiânica presente e uma era que ainda era futura.
A primeira vinda de Cristo deveria ser seguida de uma segunda vinda. O reino de Deus, que foi estabelecido, ainda não chegou à sua consumação final. Embora muitas profecias tenham sido cumpridas muitas ainda estão para ser cumpridas.
 O crente neotestamentário, portanto, está ciente de que a história move-se para o alvo desta consumação final.
Esta consumação da história, como ele a vê, inclui eventos tais como a Segunda Vinda de Cristo, a ressurreição geral,
 o Dia do Juízo, e os novos céus e a nova terra.
 Uma vez que os novos céus e a nova terra serão a culminação da história, podemos dizer que toda história está se movendo para este alvo.
Para entender completamente o sentido da história, portanto, devemos ver a redenção de Deus em dimensões cósmicas. Uma vez que a expressão “céus e terra” é a descrição bíblica de todo o cosmos, podemos dizer que o alvo da redenção é nada menos do que a renovação do cosmos., aquilo que os cientistas da atualidade denominam de universo.
 Uma vez que a queda do homem no pecado afetou não apenas a ele só mas, também, ao resto da criação (ver Gn 3.17-18; Rm 8.19-23), a redenção do pecado deve igualmente envolver a totalidade da criação de Deus. Hermann Ridderbosfaz o seguinte comentário:
“Esta redenção [operada por Cristo]... adquire o sentido de um drama divino que abrange tudo, ou, seja, é uma luta cósmica, na qual está envolvido não somente o homem em seu pecado e condição de perdição, e na qual estão inscritos os céus e a terra, anjos e demônios, e cujo alvo é trazer de volta todo o cosmos criado para estar sob o domínio e senhorio de Deus”.
 Esta dimensão cósmica da redenção está claramente ensinada em passagens como Ef 1.9-10 e Cl 1.19-20. A primeira passagem diz o seguinte:
“desvendando-nos [Deus] o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra”.
A passagem de Colossenses é importante porque conjuga a redenção cósmica com o fato de que Cristo é o autor da criação tanto como da redenção (veja v.16) “todas as coisas foram criadas através dele [Cristo] e para ele”.
Cristo está envolvido na redenção como aquele através de quem e para quem todas as coisas foram criadas, e como aquele que, por causa disso, está mais profundamente interessado na criação inteira. Nada menos do que a libertação total da criação de seu “cativeiro da corrupção” (Rm 8.21) poderá satisfazer os propósitos redentores de Deus.
Para que possamos ver a história à luz destes propósitos, portanto, nós devemos vê-la como movendo-se em direção ao alvo do universo finalmente restaurado e glorificado.
Retornaremos a este assunto mais adiante, quando tratarmos do tópico da nova terra.
Por enquanto, será bastante lembrar que é essencial à interpretação cristã da história perceber sua natureza orientada para o alvo.
Isso não significa que nós podemos ver sempre, exatamente, como cada evento histórico está relacionado com o alvo da história, uma vez que isso, muitas vezes, é extremamente difícil.
 Mas significa, entretanto, que ao lermos as manchetes, ouvirmos o noticiário e lermos as revistas informativas, devemos crer que o Deus da história está sempre no controle, e que a história está se movendo firmemente para seu alvo.
 Estas são as principais características da interpretação cristã da história.
 Passemos agora a observar algumas das implicações desta interpretação da história para nossa compreensão do mundo em que vivemos.
 (a) A atividade característica da era presente são as missões.
Se Cristo realmente inaugurou o reino de Deus e se ele realmente nos deu a Grande Comissão (Mt 28.19,20), como ele de fato, o fez, então a grande tarefa da igreja é levar o evangelho a cada criatura. O próprio Cristo disse:
“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações.
 Então virá o fim” (Mt 24.14). uma razão pela qual Cristo ainda não retornou, conforme 2 Pe 3.9, é que o Senhor é paciente com os homens “não desejando que nenhum pereça mas que todos venham ao arrependimento” .
 Todas estas considerações somam-se a uma coisa: a atividade missionária da igreja que é a atividade característica dessa era entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.certo escritor expressa este pensamento nas seguintes palavras:
“A proclamação missionária da Igreja, sua pregação do evangelho, dá ao período entre a ressurreição de Cristo e a Parousia seu significado para a história redentora; e ela tem este significado através de sua conexão com o Senhorio presente de Cristo”
22. Hendrikus Berkhof, na verdade, devota um capítulo inteiro de seu livro Christ the Meaning of History (Cristo, o sentido da história) para
“O Esforço Missionário Como Uma Força Fazedora da História”
Ele fala das novas realidades que esta pregação missionária trouxe para o mundo: uma nova compreensão do homem e da natureza e o novo reconhecimento do mundo como uma unidade.
 Ele encontra nas missões cristãs uma evidência do poder da ressurreição de Cristo:
“O que é verdadeiro do sofrimento de Cristo é também verdadeiro a respeito do poder de sua ressurreição. Este poder se auto-manifesta não apenas no indivíduo, mas também na Igreja como um todo. Como tal, é de significação constitucional para o Reino e seu fazer história.
 A marca primeira e central deste fato é a continuação da empresa missionária (Mt 24.14)” Nós vivemos numa tensão contínua entre o já e o ainda não.
Como vimos, a posição do crente neotestamentário é esta: ele vive nos últimos dias, mas o último dia ainda não chegou; ele está na era, cristã mas o tempo  final ainda não está aí. Embora ele desfrute dos “poderes da era porvir”, ele ainda não está livre de pecado, sofrimento e morte.
 Embora ele tenha as primícias do Espírito, ele geme interiormente enquanto espera por sua redenção final. Esta tensão dá à era presente seu sabor peculiar. O cristão desfruta hoje de bênçãos que o crente veterotestamentário nunca conheceu; ele tem uma compreensão muito mais rica do plano redentor de Deus do que seu colega-crente do Antigo Testamento.
 Mas o cristão ainda não está no final do caminho.
Embora ele seja agora um filho de Deus, ainda não é aparente o que ele será (1 Jo 3.2).
Embora ele saiba que está em Cristo e que ninguém jamais poderá arrancá-lo fora das mãos de Cristo, ele percebe que ainda não tem posse da perfeição e que precisa confessar seus pecados diariamente.
Uma vez que Cristo conquistou a vitória, nós devemos ver evidências desta vitória na história e no mundo ao nosso redor.
Mas, desde que a consumação final da vitória ainda não aconteceu, continuará havendo muitas coisas na história que não entendemos, que não parecem refletir avitória de Cristo.
Até o Dia do Juízo final, a história continuará a ser marcada por uma certa ambigüidade. Karl Lowith bem comenta:
“Invisivelmente, a história mudou fundamentalmente; visivelmente, ela continua a mesma, porque o Reino de Deus já está próximo e assim, como um eschaton, ainda por vir. Esta ambigüidade é essencial a toda a história após Cristo: o tempo já está cumprido e ainda não consumado... em função desta profunda ambigüidade do cumprimento histórico onde tudo „já‟ é „ainda-não‟ é, o cristão vive numa tensão radical entre presente e futuro.
 Ele tem fé e tem esperança. Estando tranqüilo em sua experiência presente e concentrando-se no futuro, ele confiantemente desfruta daquilo em função do que está se esforçando e aguardando ansiosamente”.
 Há duas correntes de desenvolvimento na história.
A tensão descrita acima entre o já e o ainda-não implica que, lado a lado com o crescimento e desenvolvimento do reino de Deus, na história do mundo desde a vinda de Cristo, nós também vemos o crescimento e desenvolvimento do “reino do mal”.
Recordaremos que na Parábola do Joio (Mt 13.24-30, 36-43),
Jesus ensinou que o joio que representa os filhos do maligno - continuará crescendo até a hora da ceifa, quando será finalmente separado do trigo.
 Em outras palavras, o reino de Satanás existirá e crescerá enquanto o reino de Deus crescer, até o Dia do Juízo. Berkhof conecta o desenvolvimento paralelo destas duas correntes com a cruz e ressurreição de Cristo e sustenta que ambas as correntes, a cristã e a anticristã, alcançarão uma crise final antes do fim da história humana como nós a conhecemos: “...
As duas correntes reveladas na cruz e ressurreição, a corrente da rebelião do homem e a corrente do poder superior de Deus, irão igualmente continuar e serão aprofundadas e fortalecidas até que ambas alcancem um ponto de culminação e uma crise.
 Isto é o que as imagens sobre os anticristos e o Anticristo, e acerca do Milênio e a grande batalha final, procuram expressar” 26. Ele insiste que para vermos a história, em sua totalidade, devemos continuar a ver ambas as correntes: “...Crus e ressurreição são ambas conjuntamente o segredo da história.
 Devemos rejeitar a falta de apreciação de um ou dos dois fatores, ou o isolamento um do outro como, por exemplo, é feito quando o poder da ressurreição é considerado ativo apenas na Igreja... não há equilíbrio entre cruz e ressurreição.
As sombras criadas pelo reinado de Cristo são perfeitamente parte desta dispensação, enquanto que a luz do seu reino permanecerá ofuscada até o fim”
 Aqui vemos, novamente, a ambigüidade da história. A história não revela um triunfo simples do bem sobre o mal, nem uma vitória total do mal sobre o bem.
Mal e bem continuam a existir lado a lado.
 O conflito entre ambos continua durante a era presente, porém, uma vez que Cristo conquistou a vitória, a solução final do conflito nunca está em dúvida.
O inimigo está lutando uma batalha perdida. Isto nos leva a considerar a questão do progresso. Podemos nós dizer que a história revela progresso genuíno?
 Novamente nos deparamos com o problema da ambigüidade da história. Para cada avanço, assim nos parece, há um recuo correspondente.
 A invenção do automóvel trouxe consigo a poluição do ar e um temível aumento dos acidentes rodoviários.
A invenção da imprensa trouxe uma enchente de livros e revistas inferiores, triviais e mesmo pornográficos.
 O advento da TV significou a apresentação de muitos programas envolvendo violência, com um conseqüente aumento dos crimes de violência.
 A cisão do átomo resultou no indescritível horror de Nagasaki e Hiroshima.
E assim por diante. Para cada passo à frente, como se pode ver, a raça humana dá um passo para trás. Progressão está emparelhada com regressão.
Nicolas Berdyaev conjuga o conceito de progresso com a visão otimista de vida característica do século dezenove, mostrando que a idéia do progresso está baseada em um tipo ingênuo de Utopia que o homem do século vinte não pode aceitar mais .
 Ele sustenta que, quando nós olhamos para a história de pessoas e nações numa escala ampla, não encontramos progresso real, porém mais ascensão seguida de declínio:
“Ao examinarmos o destino de pessoas, sociedades, culturas, observamos que todas elas passam por estágios nítidos de nascimento, infância, adolescência, maturidade, e florescência, idade avançada, decadência e morte.
Toda grande sociedade e cultura nacionais e ficam sujeitas a este progresso de decadência e morte. Valores culturais são imortais porque cultura contém um princípio imortal.
Mas as próprias pessoas, consideradas como organismos vivos dentro da estrutura da história, estão condenadas à decadência e morte tão logo sua eflorescência tenha passado.
Nenhuma grande cultura ficou imune à decadência...
Tais considerações têm levado historiadores importantes, tais como Edouard Meyer, a negar categoricamente a existência de progresso humano numa linha reta ascendente. Existe um desenvolvimento de tipos apenas distintos de cultura, e culturas prósperas nem sempre alcançam o nível de suas precedentes” .
Enquanto a visão histórica de Berdyaev é basicamente pessimista, a de Hendrikus Berkhof é mais otimista.
Ele não nega que, paralelamente ao crescimento do reino de Deus, os poderes anticristãos também crescem.Contudo, ele contesta que o crescimento desses poderes anticristãos seja apenas o lado sombrio do crescimento do reino de Deus .
 Portanto, Berkhof insiste em que, ao olharmos para a história com os olhos da fé, podemos ver progresso uma vez que, inclusive, os movimentos e forças anticristãs estão sempre sob o controle de Cristo e, em última instância, servem à seus propósitos:
“Na luta por uma existência genuinamente humana, pela libertação do sofrimento, pela elevação do subdesenvolvimento, pela redenção dos cativos, pela diminuição das diferenças de raça e classe, por oposição ao caos, ao crime, ao sofrimento, à doença e à ignorância - em resumo, na luta pelo que denominamos progresso -, há uma atividade acontecendo por todo o mundo para a honra de Cristo. Às vezes ela é realizada por pessoas que o conhecem e desejam [a honra de Cristo]; mais freqüentemente, é realizada por aqueles que não tem esse interesse, mas cujas obras provam que Cristo verdadeiramente recebeu - bem objetivamente - todo o poder na terra”
. Em resumo, embora devamos sempre reconhecer estas duas correntes de desenvolvimento na história - a do reino de Deus e a do reino do mal -, a fé sempre verá a primeira como controlando, dominando e, finalmente, conquistando a segunda. É no reino de Deus que devemos ver o sentido real da história.
Todos os nossos juízos históricos devem ser provisórios.
 Esta é a mais uma implicação da ambigüidade da história.
Nós sabemos que no juízo final o bem e o mal serão finalmente separados e uma avaliação final de todos os movimentos históricos será dada.
Até àquela hora, como Jesus disse, o trigo e o joio crescerão juntos. Isto implica em que todos os nossos julgamentos, feitos do lado de cá do juízo final, têm de ser relativos, aproximativos e provisórios.
Nunca poderemos estar absolutamente certos de se um evento histórico específico é bom, mau, ou - em caso ambivalente - predominantemente bom ou predominantemente mau.
 Um escritor o coloca assim: “Até ao fim de tudo, fenômeno histórico nenhum é ou absolutamente bom ou absolutamente mau”
 Freqüentemente, tendemos a ver movimentos históricos e forças simplesmente em termos de preto ou branco: “a igreja é boa; o mundo é mau”. Na realidade, as coisas são muito mais complicadas do que isso. Há muita coisa má na igreja, e há muita coisa boa no “mundo”.
Conforme Abrahan Kuyper costumava dizer: “o mundo, geralmente, é melhor do que nós esperamos, ao passo que a igreja é geralmente pior do que esperamos”.
 Por causa disso, os eventos históricos não devem ser vistos simplesmenteem termos de branco ou preto, porém mais em termos de diferentes tons de cinza. Contudo, o fato de todos os julgamentos históricos serem provisórios, não significa que nós não devamos emiti-los.
Até julgamentos falhos acerca da significação de eventos históricos são melhores do que a falta de julgamento.
Note o que Berkhof tem a dizer sobre isso: “o fato de nem o Reino de Cristo nem o reino do anticristo terem sido revelados até agora, mas de estarem eles escondidos sob a aparência do oposto, e de estarem entrelaçados em todo lugar, não significa que nada se possa conhecer ou reconhecer acerca deles.
A história mundial não é preta ou branca, mas também não é nem mesmo cinza.
O olho da fé reconhece o cinza claro e o cinza escuro, sabe que estas diferenças de graduação se originam em diferenças de princípios.
 Somando a este, encontramos um assunto muito importante.
A história é o terreno de ações e decisões humanas. Escolhas têm de ser feitas... Tendo em vista a ambigüidade de nossa história, toda interpretação sempre permanecerá discutível. Mas ela é inevitável.
É um ato de grata obediência e, como tal, nunca é desprovida de sentido e de bênçãos. Ela não acontece de modo cego. Por mais relativos que os fatos possam ser, o cinza claro e escuro impressiona claramente a nossa visão”
A compreensão cristã da história é fundamentalmente otimista.
O cristão crê que Deus está no controle da história e que Cristo conquistou a vitória sobre os poderes do mal. Isto significa que o resultado final das coisas com certeza será bom e não mau, que o propósito redentor de Deus será finalmente realizado, e que “apesar de o errado, tantas vezes, parecer tão forte, Deus ainda é o soberano”
. Infelizmente, porém, os cristãos são muitas vezes excessivamente pessimistas acerca da era presente.
 Eles tendem a dar ênfase ao mal que eles, ainda, encontram no mundo, ao invés de dar ênfase à evidência da soberania de Cristo.
 Hendrikus Berkhof fala de um “pessimismo em relação à cultura” por parte dos cristãos: “O cristão típico não espera ver nenhum sinal positivo do reinado de Cristo no mundo.
Ele crê que o mundo somente fica pior e corre na direção do anticristo...
 O cristão típico não está ciente da presença do Reino hoje no mundo. ...Em nossas igrejas prevalece uma qualidade ruim de pietismo... que limita o poder de Cristo à sua relação pessoal com o crente individualmente, e não vê conexão entre Cristo e eventos seculares, ou entre Cristo e o trabalho diário.Isso nos leva a uma cegueira ingrata para com os sinais do reino de Cristo no presente. Expressões tais como: “nós vivemos numa cratera de vulcão”; “assim não vai agüentar mais muito tempo”; “a humanidade está piorando continuamente”; “o fim do tempo está próximo”, são muito populares nos círculos cristãos. E eles crêem que esse pessimismo em relação à cultura... está completamente de acordo com a fé cristã” 34. Berkhof argumenta que uma visão tal da história não faz jus nem ao desempenho atual de Deus nem à vitória de Cristo e que, por causa disso, é negação de um aspecto essencial da fé cristã. Embora o cristão seja suficientemente realista para reconhecer a presença do mal no mundo e a presença do pecado no coração dos homens, ele ainda é basicamente um otimista.
 Ele crê que Deus está no trono, e que está desenvolvendo seus propósitos na história.
Assim como o cristão deve crer firmemente que todas as coisas cooperam, conjuntamente, para o bem em sua vida, apesar das aparências em contrário, assim também ele deve crer que a história está se dirigindo para o alvo estabelecido por Deus, mesmo que eventos mundiais freqüentemente pareçam contrariar a vontade de Deus. Nas palavras de Berkhof: “Nós cremos num Deus que continua vitoriosamente a sua obra nesta dispensação.
Isso é um to de fé. Este ato está baseado no fato de que Cristo ressuscitou dos mortos neste velho mundo e não é perturbado pelo fato de que a experiência, muitas vezes, parece contradizer esta fé. O crente sabe que, para Deus, os fatos estão de acordo com esta crença”
Há tanto continuidade como descontinuidade entre esta era e a próxima.
Tradicionalmente, nós tendemos a pensar que a era por vir está de tal natureza, que “cairá neste mundo mau como uma bomba” e que, portanto, envolve uma quebra absoluta entre esta era e a próxima.
A Bíblia, porém, nos ensina que entre esta e a próxima era haverá tanto continuidade como descontinuidade.
Os poderes da era porvir já estão em ação na era presente; se alguém está em Cristo, ele já é agora uma nova criatura (2 Co 5.17). O crente vive agora nos últimos dias; pelo menos num sentido ele já foi ressuscitado com Cristo (Cl 3.1) e Deus o fez sentar-se com Cristo nos lugares celestiais (Ef 2.6).
Na experiência cristã do crente, portanto, há uma continuidade real entre esta era e a próxima. O Catecismo de Heidelberg expressa esta verdade em sua resposta à Questão 58: “Que conforto você deduz do artigo sobre a vida eterna?
 Que, uma vez que eu agora sinto em meu coração o início do gozo eterno, após esta vida eu vou possuir alegria perfeita, tal qual olho nenhum viu nem ouvido ouviu, nem penetrou no coração humano - dessa maneira para louvar a Deus para sempre”.
Existirá, portanto, também alguma continuidade cultural entre este mundo e o próximo?
Haverá algum sentido no qual nós possamos já hoje estar trabalhando para aquele mundo melhor? Podemos dizer que alguns dos produtos da cultura de que nós desfrutamos hoje continuarão a estar conosco no radiante amanhã de Deus?
Pode  ser que sim.
A nova terra que está vindo não será uma criação absolutamente nova, mas uma renovação da terra presente.
Sendo este o caso, haverá continuidade tanto quanto descontinuidade entre nossa cultura presente e a cultura - se é que a chamaremos assim -, do mundo por vir. Berkhof nos lembra várias figuras bíblicas que sugerem esta continuidade: “...
A Bíblia... apresenta a relação entre o agora e o depois como aquela entre semeadura e ceifa, amadurecimento e ceifa, grão e espiga.
Paulo declara que um homem pode construir sobre Cristo, o fundamento, com ouro ou prata, de modo tal que sua obra permanecerá na consumação e ele receberá galardão (1 Co 3.14). o livro de Apocalipse menciona as obras que seguirão os crentes na consumação (14.13), e duas vezes é dito na descrição da nova Jerusalém que a glória dos reis da terra (21.24) e das nações (21.260) será trazida para dentro dela. Para nós, que devemos decidir e trabalhar na história, é de grande importância tentar entender mais claramente o sentido desta linguagem figurativa que fala tão claramente sobre uma continuidade entre presente e futuro”
 O que isso tudo significa é que nós, realmente, devemos estar trabalhando agora para um mundo melhor, que nossos esforços desta vida em trazer o reino de Cristo a uma mais completa manifestação são de significado eterno.
Uma vez que até aqueles que não amam a Cristo estão sob seu controle, nós podemos crer firmemente que produtos da ciência e a cultura produzida por descrentes poderão ser ainda encontrados na nova terra.
Mas o que é de importância ainda maior para nós é que nossa vida cristã hodierna, nossa luta contra o pecado - tanto individual como institucional -, nossa obra missionária, nossa tentativa para promover uma cultura distintivamente cristã, terão valor não só para este mundo mas inclusive para o mundo por vir.
Este artigo é de;Anthony A Hoekema
Adaptação de LUIZ SATURNINO SANTOS.

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